UM DIA QUALQUER


      Escrevo nessas linhas enquanto ando pela rua. O vento bate em meu rosto sereno enquanto os meus cabelos estão presos pela boina que carrego em minha cabeça. O sol está tão lindo! Me aquece. Um motoqueiro passa e me manda um beijo, com direito a uma das mãos indo na direção da boca e se afastando dela. Gesto que me faz rir depois.
     Continuo caminhando. Agora ouço um galo cantar, embora seja quase 13:00h da tarde. Mais um motoqueiro passa e este buzina. Oh Céus! Se eu o conheço? Não, nunca vi na vida! Nem mais branco e nem mais preto.
     Passo na frente de uma editora, sempre quis saber como e lá dentro. Porém, além das portas internas de vidro há outra de grades de ferro. Meus passos se estendem até eu chegar à parada de ônibus. 
     Tenho que passar por um viaduto agora... Não tenho medo de altura. O ônibus amarelo que facilitaria a minha chegada mais rápida passa por mim, que coisa! Eu continuo caminhando e escrevendo.  
    Gosto de caminhar devagar. Sem pressa. Estou atrasada! Percebo o movimento lá embaixo. Carros, motos, caminhões, ônibus de várias cores e os transeuntes. Muitos prédios. Um hospital, uma universidade. Agora desço as escadas e logo o papa fila está lá me esperando como se já soubesse que eu quero entrar nele.       Entro toda desajeitada, com sacolas nas mãos, minha bolsa caindo do ombro, o celular na mão que estou escrevendo e passo o cartão rodando a catraca.
     Me sento perto da janela quase deixo a bolsa cair e agora a deixo em meu colo enquanto continuo a escrever. Agora parada eu que passo pelas coisas e pessoas e não mais elas passam por mim. Vejo tudo correr cada vez mais rápido. Passa o ônibus e faz sua rota e dela eu vejo um cemitério, um Shopping Center e assim vai.
     Não me permito sair de casa e seguir o mesmo caminho todos os dias. Nunca faço a mesma rota sempre, sempre mudo. Hoje resolvi caminhar mais e chegarei atrasada ao meu compromisso diário. O lugar é o mesmo, mas há três entradas. Também não entro pela mesma sempre. Hoje entrarei pela frente do teatro. Quero ver quais pecas estão em cartaz. Está mais quente hoje, ontem o ar era gélido.
     Puxo a cordinha na parada certa e desço do ônibus. Se fosse para ficar mais tempo eu teria um livro e o leria durante a viagem. Todavia, não fiquei nem cinco mim dentro do ônibus. Avistei os cartazes na frente do teatro e li, “Um concerto do Abba” eu adoro os anos dourados, outro; uma comédia “Porque os homens mentem” esse parece interessante. “Uma noite na lua” romântico, mais interessante ainda.
     Lanço meus passos a frente, passo pelo chafariz e entro.
     Mais um dia, como um dia qualquer.


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