O eus de mim

Talvez não seja o ar,
o frescor do café em meu nariz,
a sensibilidade se exibindo pra mim.
Talvez, seja outra coisa.
Uma coisa que ninguém saberia se eu não contasse.
Há muitas vozes dentro de mim.
Elas brigam para ter a vez de falar.
A primeira é a mais forte,
ela se resume em coragem e fé.
Me reorganiza por dentro
Me embala quando choro,
me mostra a força espiritual que tem,
me mostra quem verdadeiramente é.
A segunda é uma voz que quase some,
ela não tem coragem de ser por inteira
está afastada de si mesma,
está como se fosse uma prisioneira,
dos próprios desvios de pensamentos tortos.
Ela é a segunda, porque tem força,
a forma do querer lutar, mas se fechou
e caiu em uma existência rotineira.
A terceira é a voz da rebeldia.
Ela age de forma sensual, abala corações
em outra vida usou de bocas masculinas,
abusou dos seus templos sagrados, e hoje,
tenta de todas as maneiras ser a primeira,
mas esta que vos fala, não deixa mais,
ainda que sobreviva aqui dentro,
presa e saborenta de vergonha,
não me impede de seguir meus ideias.
As outras, prefiro dizer que outras
Algumas autênticas, e úteis,
outras, armas inúteis.
Noutras encarnações, foram mais primitivas,
adoravam a deuses, e sacrifícios,
sobreviviam ao instinto animalesco.
Não que a terceira não seja assim,
mas ela evoluiu um pouco, subiu na hierarquia.
Por ser usada contra o mal.
As sensações vivas, chamas apagadas,
vontades sumidas, alma regenerada.
Sombras iluminadas, mortes esquecidas
paredes em tom de dor guardadas na memória.
E tudo não passa de sentimentos múltiplos.
Quem sou eu?
Agora mais do que pensei, e mais do que pensais.
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