Águas futuras




O coração transborda de sabores distintos: amo ou odeio tudo?
O céu com seu ar fresco invade a cabeça de ideias sobre o futuro.
As circunstancias da vida já não aparentam ser o que é, tudo muda em instantes.
E pensando bem, falta muito pouco para os meus 69 anos.
Os espectros das paixões andam colorindo caminhos e os excessos são seus ajudantes.
O apego à carne ainda é necessário à nação, e isso é absurdamente notável.
Os pensamentos ainda residem na massa chamada matéria.
O que indica serem eles muito limitados e, se orientarem pelos conceitos sobre o universo.
Nenhum fragmento de raciocínio evoluído dura mais que alguns minutos.
Pois mistura-se com as dúvidas, acerca da matéria densa que somos.
Está tudo se transformando: os bebês estão quase nascendo falando ao invés de chorando;
Os cachorros e os gatos estão se comunicando cada vez mais com nós humanos;
Dá até para sentir a respiração das plantas quando se está bem perto delas, incrível!
Há uma massa cinzenta na mente de cada um; um lembrete dos débitos passados.
Há boitatás cuidando dos campos ainda para não serem queimados; a lenda ainda vive. 
Há procissões de almas, que ainda pensam serem almas, mas são espíritos desencarnados.
Há muitas pessoas perdendo tempo ficando preocupadas com futilidades, o que é normal.
Há tanta coisa acontecendo; e quase ninguém nota que o sol nem apareceu hoje.
E daqui a pouco, chega meus 69 anos, e o mundo continuará o mesmo, ou pior.
Visto que virá mais provações: perdas, testes, dor...
A partir do ano que vem começa o período para construção de ideias regenerativas.
E depois, pode ser tarde demais; tarde demais para fazer aquilo que você sempre quis:
ser feliz.
Os desconexos farão sentido quando nos despimos de nossas paixões terrenas.
E que o amor não seja mais um esquecido nas areias do deserto.
Não espere chegar aos 69 anos.

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