Quando eu soube

Assim que soube, eu

senti que já sabia

Estagnei e me deixei cair.

Para imprimir melhor a situação.

Cortei meu longos cabelos, encurtando-os

imaginando que,  cada fio cortado

era uma flor de incentivo nascendo.

Sabia que uma hora, algo assim

Iria vir à tona, não obstante, já era hora.

Já que mentalmente me preparei então 

para aceitar a nova condição.
Era óbvio que alguém, mais esperto
Ganharia mais espaço ocasionado

fazendo o que tinha de ser feito
Já que eu não me importei.

E a intenção era de aproveitar.

E quase que caiu uma lágrima
Quando eu soube.
Eu senti que tinha perdido algo
Talvez por medo de falar
Que poderia ser meu
De algum jeito.
Porque meu órgão maior
Queria, e muito.

Eu mais que deveria querer e não quis.

Eu dei o melhor de mim enquanto podia.

Sei que foi o melhor,

o que eu guardei pra aqueles momentos.

Eu queria sentir o cheiro do verão
Sentir a vida em minha pele
O salgado do mar
Trazido pela brisa.
Eu queria sentir intensamente
O sabor da paixão que aguçava
As nossas esperanças
E que fora alimentada
Somente  pelo desejo de estar.

De querer sentir que era bom

os pensamentos que brotavam de vontade

e a satisfação de saber que tudo estava bom

do jeito que estava. 

Inocente e suave.
Mas, assim que eu soube
Me retirei e nunca mais quis voltar.

Não me achei mais digna.

As mesmas músicas ainda soam iguais
O sol ainda esquenta do mesmo jeito
Os pássaros cancioneiros da manhã
Ainda decoram todo o meu lar.
Mas, eu que não sou mais a mesma.

Mudei para uma fortaleza de maior resistência

Mudei porque eu precisei mudar

Visto que mudança é progresso dos sábios

eu não fui sábia, fiquei estacionada muito tempo

Entretanto, não tardou, e eu mudei.

Todavia, depois que eu soube

Tirei mais um fragmento amordaçado

Do qual tinha antes de saber.

para me restaurar e reconstruir o restante de mim