Um ensaio sobre Ele e Ela


Depois do banho, ela pôs o vestido que deixa as pernas à mostra. Olha no espelho e passa um batom cor de boca, um rímel para deixar a marca de sua expressão do olhar assentada e só, ela não precisa de muito. Passa perfume e pronto. Pega a bolsa e coloca o caderno pequeno e a caneta, logo sai.

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Sentado num banco da praça, espera ela chegar, rabisca no caderno algo que a inspiração do momento permite. Olhos sérios e concentrados, ora levanta, ora baixa, para ver se ela chega.

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Quando ela chega, avista sem demora um banco na praça e senta. Pega o caderno e começa a escrever. Sabe que ele já deve estar chegando. Mesmo um pouco ansiosa de a qualquer momento ele aparecer. Delicia-se com o momento presente. Os pássaros cantam alegremente, há transeuntes no cenário e muitas árvores ao redor. Ela conhece aquele lugar muito bem. Um sorriso se acende nos lábios. Coração levemente acelerado.

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Ele continua a sua escrita. Coloca a caneta perto dos lábios como quem está em busca de algumas palavras a mais e logo as transfere para o caderno. Olha para cima, visualiza o cenário e volta a escrever.

...

Ela levanta. Sente que ele já está perto e segue em busca do seu cheiro. Ah, sim, ela deseja cheirá-lo com ardor. Então passeia na praça, olha ao redor curiosa. Segura o caderno com o braço esquerdo contra o peito. 

Depois de alguns minutos, lá está ele. Cabeça baixa, em seu silêncio. A cena é linda, ele está distraído, absorto em seu mundo particular. 

Então ela abre o seu caderno na página que estava escrevendo e senta-se ao lado dele.
Ele a olha, mas ela não o olha. Ele sabe que é ela e ela também sabe que ele sabe. Logo, ela se concentra no seu caderno e lê o que escreveu em voz alta.

E quando ele chegar, ela estará esperando com o silêncio prometido. Estará receptiva, com o olhar meigo, romântico, caridoso e expressivo. Ansiosa para sentir o cheiro dele, já o imaginou tantas vezes sem sucesso de sentir. Ele saberá na troca do silêncio por olhares o quanto está feliz em o ver, logo, os pensamentos conectados falarão tudo.”

Ela levanta. Ele também. Deixam seus cadernos no banco. Os dois se olham profundamente, sorrisos de esbarram no ar. Corações aceleram e os corpos grudam num abraço longo. Ela esfrega seu nariz no pescoço dele e fica ali. Ele toca nos cabelos dela, quando beija seus ombros, inala seu perfume doce e suave. E ele fica ali.

Toda a energia é mantida de um jeito particular. Com a certeza de que tudo não foi em vão e que suas verdades estavam ali, frente a frente, se complementando, num cenário único  e num juntar de pensamentos e sentimentos. Há uma matança de saudades.



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