Purificação por tempo indeterminado

Entreguei-me à dor.
Sei que logo vai passar.
Minha alma expurga.
Quase o tempo todo.
Deixei algumas energias
negativas
Em mim, e outras, peguei sem
querer.
Agora, tô mandando-as embora.
Mas, para isso acontecer
Eu tenho que sofrer.
E eu aceito esse sofrimento
É um processo que
solicita paciência e resignação
e eu confio que tenho, e muito.
Meu corpo físico entorpecido
Só lê a dor que se alastra.
Eu a quero, eu preciso.
Mesmo que ela me torture
Eu a necessito inteiramente.
Não é tão fácil aguentá-la
São pedaços de mim
Arrancados, esfolados e cortados
Com uma navalha segurada por boas mãos.
Pedaços que se contaminaram
Outras que eu deixei acumular.
Meu peito carregado
Expeli o verde do alívio esperançoso
Deseja o azul da paz e a violeta da pureza.
A cada hora que precisa ser
limpo
Minha cabeça fica zonza,
aglomerada.
Nem sei como meus dedos escrevem!
Meus olhos expulsam edema
coletivo.
Meu corpo está sendo purificado.
Ainda tenho dor. Muita dor.
Tanta dor que nem sei quem
sou
Embora haja tantas de mim,
hoje não estou
Nem ai, nem aqui, e nem acolá.
Estou na inércia, no
entregar-se.
Esperando a minha libertação
Para logo começar a enfrentar
As consequências das atitudes
passadas
Das decisões do pretérito.
Deixo-me levar por esta sensação
abstrata
De não saber quem eu sou.
Mas a fé caminha comigo
E eu sei que tenho de tomar
cuidado
Com as energias alheias.
Estou em estado vulnerável.
Preciso recolher-me na
solidão
Então me recolho.
Fecho minha mente para
balanço.
E principalmente o meu coração.
Não sei quando volto.
Pois estou em período de
purificação
Por tempo indeterminado.
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