Sobre o orgulho: versos meus e de um desconhecido
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Desconhecido. Em SP. 30-08-1943 |
Penso
às vezes no gesto que não fiz,
Gesto
humano no instinto ainda hesitante
Gesto
que por si só talvez fora o bastante
Para
mudar a tua diretriz!
Eu
No tempo de hoje ainda é assim
Vejo muitos sonhos perdidos
Ideias que mordem os sentidos
Atrai arrependimentos, medos e afins.
Ele
Meu
orgulho, porém falou demais,
E
tu tiveste a mesma decisão.
Daí
termos perdido a nossa paz,
E
termos feito em dois um coração!
Eu
O orgulho mata e até destrói
Tomamos atitudes sem pensar
Com o intuito de nada demonstrar.
Não há sobras de nenhum herói.
Ele
E
hoje vamos assim, ao Deus dará, sem Léo,
Sofremos
cada qual o seu destino.
Nosso
amor talvez fosse pequenino,
Mas
era todo ele o nosso céu.
Eu
O amor nunca se aposenta, nunca!
Trabalha incansavelmente e ao vivo
Mesmo que haja certo equívoco
No coração ele se esquenta
Ele
Penso
agora: de nós qual o culpado?
A
mim, deveras na hora decisiva,
Reter-te
junto a mim, presa, cativa,
Como
um troféu de glória em luta conquistado!
Eu
Ninguém é culpado quando deseja
A vontade não é algo tão ruim
É palavras briguentas, um estopim,
É natural o que se almeja.
Ele
A
ti, fora melhor um gesto de incerteza,
Uma
tibieza d’alma, a indecisão.
No
instante em que atiraste a correnteza
Os
despojos mortais desta paixão!
Eu
Sim, fracos somos quando há paixão,
Momentos cálidos que se derramam
Levam-nos como um mar revolto
Na lembrança, corações que se amam.
Ele
Fora
mister porém, o grito despedido
Do
fundo d’alma, como um borbotão,
Um
grito humano e forte, resumido
Numa
palavra só, que era: perdão!
Eu
O perdão alivia, dá uma sensação de leveza
Não há sentimento mais gostoso a
experimentar
Noites a fio se passam no coração
pensante
Com ideias taciturnas, mas só por querer
perdoar.
Ele
Fomos
duros, e assim nos contivemos.
Quanta
tolice e quanta ingenuidade!
Por
um minuto só de orgulho que tivemos,
Hoje
sofremos uma eternidade!
Eu
Não há fim para aquilo que não tem
que acabar
Tolices e ingenuidades fazem parte
da vida
Seja a dor de um amor ou um gesto de
amar
Mas isso é que nos faz refletir mais
ainda.
Ele
Fomos
humanos, vês? Fomos maldosos
Nossa
vida no orgulho se resume!
E
o amor no coração dos orgulhosos,
Se
chega a deitar flor, não há perfume!
Eu
Mas ao contrário do orgulho, há a humildade,
Ela nos ergue, como um beijo
apaixonado!
Dá-nos uma pedra para pôr no passado
destrutível
E uma continuidade para o que fomos
destinados.
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